conversas
com
matisse
Há anos trabalhava minhas colagens com cores puras e sem variações tonais, sem diferenças de intensidade ou textura para que a ação da cor não fosse comprometida. Me interessava a potência máxima de cada cor, sem interferências. Com o tempo fui amansando minhas intenções e comecei a prestar mais atenção nas pequenas ocorrências que agregavam uma qualidade matérica em minhas cores e criavam a expectativa de novos espaços.
Durante os anos de pandemia (2020–2022) o confinamento nos fez ficar dentro de casa e a pintura Ateliê Vermelho, de Matisse, foi o estímulo para uma nova e imensa série de colagens e gravuras onde as cores e adornos usados pelo artista provocaram um movimento mágico e extremamente estimulante. Primeiramente fiz uma série de colagens que chamei de Quarto Rosa e em seguida surgiram as Conversas com Matisse. Ambas tratam da representação do espaço por meio da cor, em estudos cromáticos ousados — delicados ou sombrios — sempre pensando nas relações aprendidas a partir das obras do mestre pintor.
Lygia Arcuri Eluf